quinta-feira, 13 de novembro de 2014



 Asa Branca do Ceará – O Cordelista e Repentista da Cultura Nordestina
 
Aluna Tereza entrevistando Asa Branca



No ultimo dia 11, visitamos o Sr.José Geovaldo Dodim, mais conhecido como o Poeta Asa Branca do Ceará, ele nasceu no dia 29 de Julho de 1941na cidade de Marití-CE. Recebeu nome Asa Branca, pois era o nome do seu pai também repentista muito considerado por ter o dom do improviso o Sr. Joaquim Neco de Sousa, sua mãe professora a Sra. Maria de Lourdes Godim, poetisa e exemplo de mulher guerreira.
Asa Branca do Ceará viveu parte de sua infância em Marití-CE, mas foi na cidade de Monteiro, localizada no cariri paraibano que Asa Branca construiu sua carreira de artista da viola e do repente.
Como na época não existia televisão os jornais eram escritos e impressos no estilo de Cordel e Assa Branca os entregavam na cidade despertando mais ainda o gosto pela a arte de improvisar. Os primeiros versos foram feitos aos 9 anos de idade e aos 12 anos ele confeccionou sua própria viola aos 15 anos já dava início as primeiras cantorias, isso por volta do ano de 1956.
Repentista Asa Branca

Neste livro foi editado várias poesias de Asa Branca





Por volta dos anos de 1970 e 1984 foi se aventurar na cidade grande São Paulo-SP, lá seu talento foi reconhecido, mas a saudade de estar perto das suas raízes era maior então retornou a sua cidade agora adotada Monteiro-PB.
Asa Branca além de Cordelista, Repentista, Radialista possui outras diversas atividades como: alfaiate, artista de circo, químico de doces e bebidas, motorista de caminhão e ônibus, vidraceiro entre outras, sobre essas profissões ele fala nesta sextilha:

Sou a mistura de artes
Como o pintor faz nas telas
Sou marceneiro, alfaiate
Amante das coisas belas
Tenho tantas profissões
Que me perco dentro delas

Asa Branca do Ceará destacava-se entre os demais repentistas pela beleza da rima e por seu aprofundamento nos temas e desta forma cantou com os grandes da época, como, por exemplo: Ivanildo Vila Nova, os irmãos Batista (Lourival, Dimas e Otácilio), Zé Faustino e finalmente com um dos maiores nomes da poesia popular nordestina, o lendário Pinto do Monteiro, a quem Asa Branca do Ceará consideraria seu segundo pai, dentro da poesia.  É de Pinto do Monteiro esse verso feito numa cantoria, cujo tema tratado era a “saudade”:

Esta palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade (é lembrança)
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança

Voltando a Asa Branca do Ceará, nestes anos todos (mais de 55 anos de viola) ele participou de palestras em Universidades e de dezenas de festivais de repente, muito comuns entre as décadas dos anos de 1970 e 1990. Escreveu mais de 100 cordéis, sendo os mais famosos os que tiveram como tema:

• A morte de Tancredo Neves (escrito no mesmo dia da morte deste)
• A morte do Padre Cícero
• A vida e morte de Lampião
• A serpente de Brumado
• A filha que matou a mãe
• A morte de Gervásio Santos, em Jequié (BA)
• A Estória de dois bois gigantes na cidade de Monteiro
• Homenagem a Cicí de Filó
• Tempos Modernos (que fala da chegada da internet e sua influência no cordel)

Muitos dos seus trabalhos seguiram seus próprios caminhos, uma vez, que o poeta popular vive do improviso, falta-lhe a prática de manter arquivo e documentação de obras criadas. Alguma coisa fica na memória e a grande maioria nas mãos de quem os adquiriu.

Atualmente tem 30 filhos de suas 9 esposas entre eles se destaca: Samuel Quintans poeta que decidiu seguir a carreira do pai para que essa cultura perdurasse por muito e muito tempo. Asa Branca encontra-se em plena atividade criativa aos 73 anos e ainda mantém por quase 20 anos, dois programas de rádio sobre a cultura popular nordestina. Um deles, chamado Varandão da Fazenda, na cidade de Princesa Isabel (PB), na Rádio Princesa Isabel, 970 AM e o outro é a Viola e a Sanfona, na Rádio FM Imprensa de Monteiro (PB).
“....creio que nesses tempos modernos surgirá um jovem que goste do repente e das cantorias”..... se precisarem de mim estarei aqui disposto à ensinar a minha arte que Deus mim deu de graça, terei o prazer de repassar o que sei”.( JOSÉ GEOVALDO GODIM)
Mote: "No fim da minha existência"

Ó mundo de ilusão
O qual não posso mais ver
Devido a escuridão
Que pairou no meu viver
Minhas noites são eternas
Escuras como cavernas
Da mais terrível aparência
Meus olhos se opacseram
O brilho imenso se perderam
No fim da minha existência
Quando deus reto juiz
Chamar-me a eternidade
Atenderei bem feliz
A ordem da divindade
A vida é um episodio
Que deve se dar sem ódio
sem duvida e sem mau carência
Quando eu estiver na cova
A cruz servira de prova
Do fim da minha existência.
                            (Asa Branca do Ceará-Poeta)



Aluna Tereza, As Branca e a aluna Karina




Referencia: http://derepenteecordel.blogspot.com.br/p/asa-branca.html

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